Oh, Glória! Oh Glória!


Jandira, com as mãos pressionando o peito, falava baixinho enquanto via um milagre acontecer diante de seus olhos. Era Thezeu, filho da irmã Paulina, que dizia umas coisas na língua dos anjos e despertava o florescer dos outros irmãos à sua volta, que tremiam de glória; era um fenômeno lindo de se ver, mas que impedia categoricamente que Jandira se concentrasse: era tanta informação, com pessoas se mexendo freneticamente, outras dezenas atirando orações para todos os cantos e uma música estranha que a única coisa que ela conseguia expressar era "Oh, Glória!".


O Pastor Everaldo falava rápido, e mal dava pra entender o turbilhão de palavras que saía da boca dele junto de algumas várias gotas de saliva que ou paravam no chão ou no rosto de alguém. E mesmo que as quase dez pessoas que estavam junto dele não estivessem entendendo um "a", elas insistiam em gritar "ALELUIA" toda vez que a ênfase do pastor era intensificada por uma pausa e olhares dirigidos à assembléia. 


Mas a verdade é que Jandira não queria estar alí. Era quinta-feira (dia do cinema barato).


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