Sobre frustações e chateação


Eu não estou sabendo lidar com o incerto. Desde que cheguei da Índia (e já antes, ainda lá) minha vida tem sido cheia de incertezas e isso tem me consumido de forma prejudicial. Não consigo dormir direito, não tenho conseguido "trabalhar" direito, falta paciência para pequenas coisas, falta vontade de fazer muita coisa...

Já tive várias frustrações em tão pouco tempo! Todo mundo fala que eu já conquistei muita coisa mas é tão difícil manter a calma e a paciência quando você se sente preso num circulo vicioso de ter-muita-coisa-pra-fazer e não-tenho-nada-pra-fazer. É horrível ter de considerar fazer coisas que você não quer porque você não tem opção. É horrível não ter opção.

Essa semana eu já considerei fazer concurso, fazer outro curso, trabalhar em hotel, trabalhar em shopping, abrir uma empresa... Tudo tentando sair desse limbo existencial em que me encontro. Existencial porque estar parado não tem nada a ver com a minha vida, nem com a vida que eu já tive ou com a vida que eu quero um dia ter. Não quero ter tempo, não quero estacionar, não quero sonhar, não quero imaginar, não quero projetar. Quero fazer alguma coisa.

O incerto de como a vida vai ser contrasta com o como eu gostaria que ela fosse e vai me desanimando em fazer a vida acontecer. Pode parecer bizarro mas quanto mais a vida vai se afastando do que eu quero fazer menos dá vontade de correr atrás do que quero. AO MESMO TEMPO eu reconheço que consegui realizar muitas coisas que eu sonhei.

Por muitos anos estudar foi sempre a coisa que guiava a minha vida e hoje, que a fase agora é trabalhar, a frustração de não conseguir estudar vai misturando com não ter trabalho (fixo, com horas fixas) e eu vou me frustrando. Eu sabia, na Índia, que voltaria desempregado, mas encarar esse desafio tem se mostrado mais difícil do que o antecipado.

Às vezes tenho a impressão de que a única coisa que tem dado certo é meu relacionamento, mas percebo que minha agonia e inquietação podem minar o que temos. Ele está num momento de descobertas; eu estou num momento de acomodação de valores e objetivos. Não vejo essa diferença como um problema, mas minha agonia nessa semana da negativa do mestrado transbordou e eu não consegui respeitar o momento do dele.

Em poucas palavras eu queria que ele largasse as coisas dele para vir me ver e ver meus amigos. Eu queria que ele viesse de longe desconsiderando o cansaço que ele poderia sentir. Desconsiderando que ele podia estar de saco cheio de ter que pegar um ônibus. Eu imaginava que quando ele chegasse, a agonia e frustração que EU sentia iam passar...

Mas ao mesmo tempo, eu queria que ele participasse um pouco mais das coisas que eu faço. E vou escrevendo isso e me sentindo injusto por exigir que ele mude a rotina super-corrida dele para ficar comigo, porque no fim das contas, estou "atoa".

É uma merda.

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