Conversas Sobre Fotografia, Memória e Experiências
- Todo mundo sabe um cheiro do meio do mato...
- E cada pessoa deve ter uma
frequência de grilos na cabeça.
Risos.
- Que doideira!
- (Falando de olhos
fechados, movendo os dedos pelo ar) Ou daquele passarinho distante. O
barulho de pisar nas folhas e humidade do ar diferente. Aquela pedra gelada da
cachoeira. A água gelada!
- Putz os mosquitos! Ou
carrapatos pra quem se enfia no mato.
- Lembrei da minha infância: O
cheiro de bosta de vaca em um curral!
- É muito específico isso!
Risos.
- Cara, lembrei de uma viagem
nossa: os barulhos das ondas do mar nas pedras com o mar agitado.
Silêncio por alguns segundos.
- Que dia!
- Sons de gaivotas...
- Quando vejo as fotos daquele
dia eu entendo como eu me sentia.
- Como assim?
- Ah, só vendo. Descrever uma
foto é tipo tentar processar as mesmas coisas que quem tirou a foto uma segunda
vez. Por isso a gente se transporta, atravessa, sem precisar completar. É só
olhar e ver outro ser humano fazendo uma coisa humana (pode ter coisas
sobre-humanas, mas isso só amplia as possibilidades da forma dos nossos
corpos). É a experiência humana capturada. Não temos poesia suficiente para
descrever uma foto. Mas nosso cérebro se conecta om as pessoas retratadas: eu
vivi aquele momento, alguém viveu aquele momento. Teve alguém posicionado em
determinado lugar do dia x de algum momento que já passou. Uma foto pode ser
vista como um produto do passado com um presente eterno gravado em si. A foto é
nosso dispositivo para ver o presente do passado de alguém, vivido, sentido,
fotografado.
- Olhar é uma sensação, tão real
quanto a que a gente ouvia agorinha em nossas cabeças.
- São as experiências...
- Viajar aumenta nosso repertório
- A fotografia me lembra de ter
vivido determinado momento, mesmo que outra pessoa esteja já foto. Me conecto
com o olhar do César do passado e olho como eu olhava. As minhas fotos
conseguem expressar as coisas que eu sentia em determinado momento.
- Tento ter esse olhar quando
vejo as fotos do outros: através da câmera, do outro, naquele instante.
- No instante de olhar uma foto
somos capturados num presente que já é passado.
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