Carta 3832.8588.001-G

Ao refletir sobre os ditados que ecoam de geração em geração, como o que diz que "não se cresce dinheiro em árvore", percebo o quanto eles moldam nossa visão de mundo. É uma expressão que evoca a realidade implacável de que as coisas valiosas exigem trabalho e que, mesmo assim, o retorno nem sempre é garantido. Este pensamento percorre minha mente enquanto lido com as expectativas da vida, reconhecendo que, apesar de todos os esforços, a abundância nem sempre segue o suor derramado.

E essa reflexão me leva a pensar sobre a propriedade, não apenas de bens, mas de pessoas. Concluo, com certa liberdade recém-descoberta, que não sou propriedade de ninguém, e ninguém é minha. Esta epifania se expande à medida que exploro novos encontros e relações, cada uma delas um lembrete de que conhecer novas pessoas é vital para o espírito. Todos desejam carinho, atenção, e xamego, mas esses sentimentos não devem ser confinados ou controlados por parâmetros rígidos. Afinal, cada um de nós opera dentro de seus próprios limites e desejos.

Na tessitura dos meus dias, aprendi a valorizar o agora. O futuro dos encontros, dos laços que tecemos, parece importar menos quando comparado à ressonância do presente. Se o momento é bom, por que não desfrutá-lo plenamente? Essa percepção me liberta de qualquer pretensão de decidir ou direcionar como outra pessoa deve encontrar seu prazer ou com quem se relacionar. O prazer, percebo, é uma busca ativa, algo que se deve querer profundamente; caso contrário, qual seria o sentido?

Contemplando a solidão e a companhia, entendo que desejar alguém exclusivamente para si reflete, muitas vezes, um egoísmo e uma insegurança ocultos. O desejo de possuir outra pessoa, de torná-la um objeto ou uma extensão de si mesmo, sinaliza que talvez o verdadeiro desafio seja enfrentar a própria companhia. Assim, nesses pensamentos e interações, descubro que estar só não é um problema a ser resolvido, mas uma condição a ser explorada e compreendida.

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